E ela acorda,com os olhos ainda inchados e resquícios de uma dor de cabeça,lembranças deixadas pelas lágrimas da noite passada.Os olhos piscavam freneticamente na tentativa de desfazer aquela sensação ruim, a luz pontual do novo dia ainda cegava e seu corpo acordava em movimentos preguiçosos e relutantes.O dia era faceiro e tinha uma sedução fácil no ar fresco e no sol alegre mas ela simplesmente desejava dormir por muito tempo até o momento em quer manhãs como estas tivessem a felicidade merecida.
E ela levanta,cambaleando até o banheiro afim de levar da alma de todo o desânimo de ter que viver mais um dia sem grandes pretensões,e escova os dentes mecanicamente ao mesmo tempo que nota tristeza nas sua olheiras.Em passos vagarosos chega ao quarto e veste suas roupas aleatoriamente apenas por vontade de cobrir seu corpo para não ver o cenário de tanta intimidade e prazer.
E ela sai,com as chaves tranca a porta e suspira fundo ao pensar no longo dia que terá que enfrentar,as imagens ao fundo da janela do ônibus não passavam de borrões que se aliavam aos sons confusos das conversas das pessoas.
E ela chega,com o pensamento longe e tal falta de atenção faz com que as aulas passem de forma aleatória e desconexa.E tudo o que ela pensa é no momento de chegar em casa e viver sua dor no seu refúgio confortável.
E ela retorna,pelo mesmo caminho e no mesmo horário,cabisbaixa e farta dos planos que estão tão longes dela.E no seu quarto se vê rodeada dele,seja em fotos,em cheiros,nas roupas remanescentes no armário e até mesmo em seu próprio rosto,agora triste refletido no espelho.
E ela come,com a vontade de suprir materialmente sua fonte de energia que agora não a alimenta mais.E os doces são amargos se comparados a sua ternura,e os pratos mais apetitosos não a deixa tão ansiosa para comer do que o momento antes de vê-lo e “ comer’’ a presença dele.Mas era preciso compensar.
E ela pensa,em todos os momentos do passado.
E ela chora o vazio em seu ser causado pelo silêncio da voz dele.
E ela morre,em cada desejo impossível de se realizar.
E ela já não é mais ela.
''Tá dificil viver sem você aqui ''